Existe o consenso de que o tratamento endodôntico de incisivos centrais superiores é o mais simples de todos. A anatomia interna simples com canal geralmente reto, circular e volumoso associada com sua posição na arcada são alguns dos fatores que fazem com que este seja um dos tratamentos endodônticos mais simples.
Entretanto em biologia temos os outliers e como especialistas necessitamos estar atentos para identificá-los e trata-los de forma diferenciada.
Este é um caso de um incisivo central com uma anatomia interna completamente fora do padrão apresentando vários canais laterais.
A reintervenção endodôntica foi realizada, alguns canais laterais foram obturados mas a fístula retornava. Exemplo clínico claro que exemplifica clinicamente o que foi descrito por Domenico Ricucci e José Siqueira Jr no famoso paper “Fate of the Tissue in Lateral Canals and Apical Ramifications in Response to Pathologic Conditions and Treatment Procedures”.
Obturar canal lateral não é garantia de sucesso como muitos tem veiculado em redes sociais.
Obturar canal lateral não significa que o canal lateral foi descontaminado.
Obturar canal lateral não é indicativo de que a qualidade do tratamento endodôntico é mais elevada.
Obturar canal lateral significa tão apenas que entrou material obturador em um caminho com espaço para que isso fosse possível. Apenas isso e nada mais.
Ah tem uma outra verdade sobre a obturação de canais laterais: obturar canal lateral é sinônimo de mais “likes” em redes sociais. 😉 😉
Neste caso clínico, os canais laterais foram preenchidos porém o caso fracassou mesmo assim. Uma microcirurgia endodôntica foi realizada como complementação ao retratamento convencional.