Vivemos na era da tecnologia e pressionados pela indústria que muitas e muitas vezes imprimem em nossa cabeça que sem essa ou aquela tecnologia não seremos capazes de executar tratamentos com precisão. Entretanto, mais do que tecnologias, precisamos de conhecimento. De que adianta termos uma imagem 3D se não sabermos aplicar isso no momento da execução do tratamento? De que adianta uma imagem 3D se não soubermos a base de anatomia?

Claro que imagens prévias 3D ajudam em muito. Esse é o caminho inevitável. Entretanto sempre existe “o lado escuro da lua” e clinicamente devemos sempre devemos ponderar que a imagem 3D é sim obtida pela exposição à radiação e por isso saber em que situações ela poderá ser determinante na mudança de uma postura clínica.

Na maioria das vezes não tratamos as exceções pois se assim fossem elas não seriam excessões.

Nós poderíamos postar aqui diversos casos de anatomia supostamente simples mas que na tomografia apresentaram-se complexas. Mas isso não é o usual, isso é a exceção.

A cada quantos casos de molares tomografados encontramos variações anatômicas que não seriam vistas através de um olho realmente treinado no microscópio em conjunto com um cérebro que estudou e sabe anatomia?

A cada quantos casos de molares tomografados encontramos variações anatômicas que mudam a nossa abordagem clínica em um tratamento endodôntico primário?

Saber que existe uma distribuição geométrica da entrada dos canais de cada grupamento dentário e saber aplicar isso à clínica é mais importante do que qualquer imagem 3D prévia ao tratamento.

Neste caso, você pode observar que após a localização e preparo dos 2 canais mesiais do molar inferior, o canal distal não estava em uma posição equidistante dos dois canais mesiais formando um triangulo isósceles. Aiiiiiii você é Endodontista não é? E os tipos de triângulos ficaram lá atrás no vestibular? Em geometria, um triângulo isósceles é um triângulo que possui dois lados de mesma medida, isso é, congruentes.

Na fotografia podemos ver que não estava assim. O que isso significa clinicamente? Significa que há outro canal distal e que a geometria de distribuição da entrada dos canais irá nos dar a figura geométrica final de um trapézio, um trapézio isósceles! Aquele que tem dois lados iguais (congruentes).

Sabendo disso, é possível utilizar uma ponta de ultrassom E6D da Helse e expor a entrada do canal. Depois de forma bem simples e sem NENHUM instrumento endodôntico manual, realizar o seu preparo com uma Reciproc Blue 25 seguida de uma Reciproc 40.

Ah! Apenas voltando ao inicio do tratamento, veja que a Equipe Blantus trabalha com acessos mais contemporâneos com preservação de dentina sem comprometer a endodontia. Mas ao contrário do que todos ensinam, fazemos acesso conservador com brocas de grande dimensão. Isso mesmo!!!! Desgastamos menos usando brocas maiores!!! Conseguimos ser mais precisos usando brocas maiores!!! Que quebra de paradigma!

Em todos os molares, TODOS!!! mesmo nos com câmara pulpar mais atrésicas como este caso, utilizamos apenas a broca 1016HL.

Qual o segredo então? Conhecimento de anatomia sabendo exatamente onde iremos encontrar a câmara pulpar (sentido mesio-distal, vestíbulo-lingual e ocluso-apical). Aí é só penetrar e ir checando com o Microscópio Operatório. A finalização do acesso fazemos com os insertos ultrassônicos E6D e E7D. Simples assim.

Observe o passo a passo nas imagens. Elas também mostram todos os canais preparados e o resultado final do tratamento realizado hoje pela manhã.